domingo

Quero ser primeiro homem e depois escritor






José Luís Peixoto, 33 anos, escritor.


"Sou um rapaz da aldeia. Nasci numa terra, perto de Ponte de Sôr, onde ser escritor não fazia parte da realidade de um adolescente. Tal como não se podia dizer que se queria ser realizador de cinema. Isso é muito urbano.
(...)
Sou muito desorganizado. Deixo-me encantar facilmente pelas coisas, pelas ideias. Escrever domina a minha existência. Quando escrevo sou obsessivo. Não consigo planear. Não gosto de fazer pausas. Sou capaz de estar longas horas a escrever. Quando não estou a escrever estou a pensar nisso. O que também me traz alguns dissabores. Isolo-me do mundo, das pessoas. Sobra-me pouco tempo para os outros.
(...)
Troco um poema por um beijo. Nem que seja um poema extraordinário. A vida é mais importante que a escrita. Quero ser primeiro homem e depois escritor.
(...)
Adoro estar com os meus filhos, tenho uma relação muito física com eles. Acredito muito nas relações de afecto. É fundamental dizer às pessoas que amamos, que gostamos delas.
Mas nem sempre é fácil."

Bibliografia:
Morreste-me (ficção, 2000)
Nenhum Olhar (romance, 2000 - Prémio Literário José Saramago, 2001)
A Criança em Ruínas (poesia, 2001)
Uma Casa na Escuridão (romance, 2002)
A Casa, a Escuridão (poesia, 2002)
Antídoto (ficção, 2003)
Cemitério de Pianos (romance, 2006)
Hoje não (ficção, 2007)
Os seus romances encontram-se traduzidos em 12 idiomas.

Um pouco de Cemitério de Pianos, pelo próprio autor aqui

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"A virtude é como o segredo: oculto, conserva-se; manifesto, perde-se."
(S, IV, p.78. P. António Vieira)