contra a tristeza

"Entre uma pessoa alegre e uma pessoa triste, escolho a primeira sem hesitar. Não me refiro a estados de espírito mas a modos de vida totalmente distintos e que me parecem irreconciliáveis. Não querendo também dizer que o mundo se divide entre pessoas tristes e alegres, defendo no entanto que estas características distintivas influenciam comportamentos e atitudes. Diria que a maioria das pessoas nem sequer é alegre ou triste, o que, parecendo que não, só facilita. Quando uma pessoa alegre recebe uma notícia menos boa e naturalmente se entristece com facto, isso significa apenas que passou por um momento menos bom. Sendo estruturalmente alegre terá uma reacção diferente, mais positiva, à adversidade. A alegria é uma forma de gratidão enquanto a tristeza afasta qualquer possibilidade de envolvimento saudável com os outros. O que há de generoso numa criatura alegre falta num ser triste, sempre incapaz de regozijar com as boas notícias dos outros. O candidato ideal a invejoso de serviço é aquele que não evita a tristeza. Sempre que não consegue impedir o sucesso do outro, fica aflito e triste. As pessoas tristes nunca actuam pelo bem"

Carla Quevedo
in Cinco Sentidos, revista Tabu do jornal Sol